SHITORYU

       SHITO RYU


          Porém, além da Associação Shitō-kai surgiram outras cinco associações principais onde seus fundadores passaram a ensinar sua própria versão do Karate-dō Shitō-ryū, conforme suas próprias concepções e critérios técnicos, conforme abaixo: - Kenzo Mabuni criou a Nippon Karate-dō Kai - Seito Shitō-ryū;- Ryusho Sakagami chamou seu sistema de Itosu-kai;- Chōjirō Tani fundou a organização Shūkō-kai - “Tani-ha Shitō-ryū” ;- Ryusei Tomoyori denominou seu estilo Ken'yu-ryū;- Kosei Kuniba líder da Seishin-kai formalizou a “Motobu-ha Shitō-ryū”;- Kanei Uechi retornou a Okinawa e estabeleceu a Kenpō Karate-dō Kai.

          Com o passar dos anos, surgiram novas ramificações, criadas por discípulos que inicialmente eram membros de alguma das associações originais, mas que mais tarde, por motivos pessoais formalizaram suas próprias organizações, são elas:- Hayashi-ha Shitō-ryū fundada por Teruo Hayashi;- Kotaka-ha Shitō-ryū estabelecida por Chuzo Kotaka;- Goshindō estilo criado por Shogo Kuniba;- Nanbudō estabelecido por Yoshinao Nanbu.- Seiko-kai formalizada por Seiko Suzuki;- Sosa-kai estabelecida por Jorge Sosa.Embora tenham nomes diferentes, todos os sistemas citados possuem suas origens no estilo Shitō-ryū criado por Kenwa Mabuni, pois os fundadores destas organizações foram discípulos do grande mestre ou de seus discípulos diretos.

          De um modo geral, as técnicas da maioria destas organizações são muito semelhantes, inclusive nos Kata que possuem apenas pequenas diferenças a maior parte devido à intervenção pessoal de seus idealizadores. Shitō-ryū (糸東流): Kata (Formas). A combinação das tradições de Ankō Itosu, Kanryō Higaonna e outros mestres, fazem do Shitō-ryū um estilo de Karate-dō de ampla quantidade técnica que possui mais de cinqüenta exercícios formais ou kata. Cada um destes kata possui alguma técnica determinada que o faça particular e único.As origens dos kata são chinesas, porém não se sabe ao certo se foram levados a Okinawa pelos chineses ou se foram os habitantes da ilha que foram à China para estudá-los. No entanto, um fato é certo: a influência chinesa é inegável. Em escolas como o Shitō-ryū, por exemplo, existem kata com origens diretas no estilo chinês chamado Baihe-quan (conhecido como Kung-fu estilo Garça Branca no Ocidente).

          Kenwa Mabuni, fundador do estilo Shitō-ryū, afirmava que os kata devem ser executados conforme seus criadores os idealizaram, sem nunca ser modificados. Os kata de Naha-te possuem movimentos curtos e potentes, combinando perfeitamente a força e a suavidade com grande fluidez. Suas posições são muito estáveis, os deslocamentos e técnicas normalmente são circulares, enfatizando a respiração profunda, a contração muscular e muito trabalho com as mãos abertas.Estes kata fazem um estudo do combate à curta distância, na respiração costumam combinar ibuki com nogare. Podemos diferenciar dois tipos de kata: de trabalho e técnicos. Os kata da linha do mestre Kanryō Higaonna necessitam potência e tem como característica principal o fortalecimento do corpo, como se faz evidente no kata Sanchin; potência do corpo, centro de gravidade baixo, contratação e descontração muscular, e respiração enfatizando o trabalho abdominal – saika-tanden (às vezes referido erroneamente como hara no Ocidente).

          Os katas de Shuri-te possuem movimentos rápidos e potentes, combinados com grande fluidez. Suas técnicas, bem como seus deslocamentos, são retilíneas. Os katas da linha do mestre Ankō Itosu necessitam velocidade em suas técnicas e estudam o combate à longa distância. A respiração é sempre natural. Os katas de Tomari-te estão influenciados por estes dois estilos, estando mais próximos ao Shuri-te do que do Naha-te. Geralmente são um pouco mais lentos que os do Shuri-te e tem uma grande quantidade de kamae. Seu trabalho combina a distância curta e longa, seus deslocamentos, posições, assim como suas técnicas combinam o retilíneo e o circular. O ritmo de execução pode ser alternado, dependendo de suas técnicas, tendo partes rápidas e outras mais lentas e pesadas. A respiração é natural, utilizando ibuki e nogare em determinadas partes. São kata muitos representativos do Tomari-te os do mestre Seishō Aragaki, tais como: Unshu (Unsu), Sōchin e Niseishi (Nijūshi-hō). “Uma instrução intensa e correta dos kata constitui uma boa base para a ação efetiva ante qualquer situação” (MABUNI, Kenwa).Os kata provenientes dos ensinamentos do mestre Kanryō Higaonna e de seu amigo, Chōjun Miyagi, são os seguintes: Sanchin, Tenshō, Saifa, Seienchin, Shisōchin, Seisan, Seipai, Sanseirū, Kururunfa e Sūpārinpei.

          Os kata aportados pelos ensinamentos do mestre Ankō Itosu são: Pinan (Shodan, Nidan, Sandan, Yodan e Godan), Naihanchi (Shodan, Nidan e Sandan), Jitte, Jion, Ji’in, Rohai (Shodan, Nidan e Sandan), Bassai (Dai e Shō), Kōsōkun (Dai, Shō e Shihō), Chintō, Chintei, Wanshū e Gojūshi-hō.Outros Kata: Niseishi, Sôchin e Unshu (aprendidos com Seishō Aragaki); Matsumura-No-Rohai, Matsumura-No-Bassai, Ishimine-No-Bassai e Tomari-No-Bassai; Nipaipo, Paipuren e Haffa (ensinados por Go-genki); Shinsei, Shinpa, Aoyanagi, Myōshō, Jūroku e Matsukase (criados por Kenwa Mabuni); Chatan-Yara-No-Kōsōkun (versão do mestre Yara da região de Chatan para o Kata Kūshankū (Kōsōkun), citado no último livro de Ken’ei Mabuni).No entanto, com a expansão do estilo Shitō-ryū surgiram algumas linhas que contam com outros kata, porém não são herança direta de Kenwa Mabuni. O número de katas ensinados no estilo Shitō-ryū é surpreendente, se for levado em conta o fato de que muitos estilos antigos de Karate-dō contavam com um número muito reduzido de formas.“Não recordo dos kata apenas mentalmente, mas sim a base de repetição” (MABUNI, Ken’ei).

          Sem dúvidas, Kenwa Mabuni estudou e perseverou na investigação, analisando cientifica e racionalmente todos os documentos e fontes de informações que estiveram ao seu alcance, procurando elevar a arte das mãos vazias a um alto grau, sempre em busca da inatingível perfeição.        

          Shitō-ryū (糸東流): Características. Do ponto de vista técnico, o Shitō-ryū está baseado em duas antigas escolas ou estilos de Okinawa: o Shuri-te e o Naha-te.Do Shuri-te, de Ankō Itosu, conserva o estilo duro-linear baseado no estilo “externo” proveniente do norte da China que tem como principais características à velocidade, a agilidade, a explosão, as técnicas em linha reta, os chutes altos e as posições naturais.Do Naha-te, de Kanryō Higaonna, mantém o estilo suave-circular baseado no estilo “interno” proveniente do sul da China que tem como principais características à força concentrada, a busca pelo combate a curta distância, as técnicas circulares, chutes baixos, as posições estáveis e a respiração abdominal (Ibuki).No Shitō-ryū se pratica kata dos estilos Naha-te, Shuri-te e Tomari-te (que possui características de ambos os dois primeiros estilos, ainda que atualmente, não se considerem diferenças entre as duas últimas correntes). As posições são naturais, nem muito baixas, nem muito altas, existindo pouca diferença entre o treinamento e a aplicação real.

          De uma forma geral, nos ataques se utiliza posições mais altas do que nas defesas, sendo as posições mais características : - Zenkutsu-dachi- Sanchin-dachi - Moto-dachi - Nekosashi-dachi - Shikō-dachi - Sagi-ashi-dachi - Kōkutsu-dachi. As diversas posições são utilizadas em todas as direções, sempre coordenando simultaneamente técnica, corpo e quadril (koshi). A forma de fechar o punho é o mesmo utilizado pelas outras escolas de Karate-dō, porém o hikite é feito na “metade do corpo”. A força das técnicas concentra-se no baixo ventre ou saika-tanden, onde reside o centro de gravidade. 

          Se trabalha aplicações de kata e kumite sempre buscando o controle do adversário durante todo o processo técnico e com o desenvolvimento baseado na harmonia e na continuidade do movimento. As defesas são geralmente trabalhadas em um ângulo de 45°, utilizando técnicas tanto com as mãos abertas como com os punhos fechados, sempre percorrendo a menor trajetória possível. No Shitō-ryū as técnicas de defesas estão agrupadas em cinco conceitos fundamentais chamadas pelo mestre Kenwa Mabuni de Uke no go gensoku, que são : - Rakka (bloqueio forte); - Kusshin (controle do centro de gravidade); - Ryū-sui (bloqueio suave); - Ten'i (esquiva); - Hangeki (contra-ataque utilizado como defesa).

          Outro conceito muito importante praticado no Shitō-ryū é o Tenshin Happo (deslocamento nas oito direções). Se aplica as técnicas clássicas utilizadas por todos os estilos de Karate-dō e mais : - Gyaku-waza (controle do oponente); - Nage-waza (projeções e rasteiras); - Shime-waza (estrangulamentos); - Kansetsu-waza (torções); - Katame-waza (imobilizações). Os ataques avançando são geralmente em linha reta e as técnicas sejam de perna, punho ou um simples deslocamento são executadas em grande velocidade. Os chutes são executados nos níveis: gedan (nível baixo), chūdan (nível médio) de uma forma principal, embora nos treinamentos também sejam trabalhados a nível jōdan (nível alto) e inclusive com tobi (salto), sem restrição alguma. Também é uma característica complementar do estilo o estudo e prática do Kobudō ( arte marcial antiga de Okinawa ).



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